Alunos com deficiência enfrentam desafios na volta às aulas no Distrito Federal
Na retomada das atividades escolares nas escolas públicas do Distrito Federal, alunos com deficiência encontraram obstáculos significativos para acessar a educação inclusiva.
Responsáveis pelos estudantes entrevistados pela reportagem relataram que o início do ano letivo de 2024 começou novamente com a falta de monitores e educadores sociais voluntários (ESVs) em número suficiente para apoiar esses alunos.
Outra questão destacada pelas famílias está relacionada ao fechamento de classes, uma situação denunciada pelo Metrópoles no final de 2023. Além disso, as turmas dos Centros de Ensino Especial (CEE), da Educação de Jovens e Adultos (EJA) Interventiva – para pessoas com mais de 15 anos – e as salas com um número reduzido de estudantes estão superlotadas.
A ausência de um monitor ou ESV resultou em um retorno traumático à sala de aula para Rodrigo Castelo Branco de Oliveira, 10 anos.
Diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA) com suporte de nível 1, Rodrigo frequenta a Escola Classe Verde, no Riacho Fundo 1.
No primeiro dia de aula na rede pública de ensino do Distrito Federal, Rodrigo foi levado à escola com seu lanche e água. Até então, sua mãe, a professora Gabrielle Castelo Branco, 30 anos, estava tranquila.
No entanto, ao retornar para buscá-lo no final do turno, ela encontrou o filho extremamente nervoso. Segundo ela, a criança chegou a tentar pular o muro para fugir da escola.
Para Gabrielle, a falta de planejamento e respeito aos estudantes com deficiência é evidente. Ela compartilhou: “Meu filho ficou sem beber, sem comer e sem ir ao banheiro. Ele é muito preocupado com horários, e eu nunca me atraso. Mas alguém disse a ele que eu tinha me atrasado para buscá-lo, e isso o desestabilizou. Não havia um monitor ou educador social para garantir o suporte a ele.”
O caso de Rodrigo não é isolado. Em grupos de aplicativos de mensagens, outras famílias de alunos também compartilham suas frustrações sobre a situação.
Com o fechamento das classes especiais, houve um aumento no número de matrículas nos CEEs. No entanto, a falta de monitores ou ESVs disponíveis resultou na superlotação desses centros, como foi o caso do centro em Sobradinho. Além disso, o modelo pedagógico dos CEEs não foi adaptado para atender à demanda dos novos estudantes matriculados.
Diversas famílias têm buscado apoio do Movimento Orgulho Autista Brasil (Moab). Para a instituição, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) tem desrespeitado a legislação e os direitos das pessoas com deficiência de estudar.
O Moab pretende cobrar explicações e medidas da SEEDF e, se necessário, levar o caso ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa (CLDF) também planeja pressionar a Secretaria de Educação e exigir explicações.
Diante desses desafios, a SEEDF esclareceu que está empenhada em oferecer suporte necessário e buscar garantir que todos os alunos recebam a educação inclusiva de qualidade que merecem.