O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter os juros em 10,5% ao ano, colocando o Brasil na segunda posição com a maior taxa de juros real entre 40 países. Segundo pesquisa do economista Jason Vieira divulgada na plataforma MoneYou, a taxa real brasileira está em torno de 6,79% ao ano, ficando atrás apenas da Rússia, que registra juros reais de 8,91%.
Os juros reais são calculados subtraindo a taxa de juros da inflação projetada para os próximos 12 meses. Este número é mais significativo para a economia do que a taxa bruta, pois reflete o impacto efetivo das condições monetárias.
Para calcular a taxa brasileira, foram consideradas a inflação projetada de 3,96% para os próximos 12 meses, conforme o Boletim Focus, e a taxa de juros DI de mercado para o mesmo período.
A decisão do Copom de manter os juros interrompe um ciclo de queda iniciado em agosto do ano passado, quando a Selic estava em 13,75%. O comunicado do BC destacou a resiliência das atividades econômicas domésticas, o aumento das projeções de inflação e expectativas desancoradas, além do cenário global incerto.
O colegiado enfatizou que a política monetária permanecerá contracionista por tempo suficiente para consolidar o processo de desinflação e ancorar as expectativas em torno das metas estabelecidas.
Esta foi a primeira vez em sete reuniões que o Copom não promoveu alterações na Selic, mantendo-a no menor patamar desde o final de 2021. A decisão reflete preocupações com o descolamento das expectativas de inflação e incertezas sobre o compromisso fiscal do governo em equilibrar as contas públicas.
O mercado já havia ajustado suas expectativas, abandonando previsões anteriores de que a Selic poderia encerrar 2024 em um dígito, como 9%, passando agora a projetar uma taxa de 10,5% para o fim do ano.